12 de dezembro de 2020 – quinta aula de Seminários Clínicos

Nessa aula, discutimos o livro “O Normal e o Patológico” de Georges Canguilhem; essa leitura nasceu de um questionamento que uma pessoa fez em uma aula anterior baseando-se nessa obra, e então o Henrique disse que não havia lido o livro e propôs que em uma aula essa pessoa então trouxesse uma apresentação das ideias do livro e que centrássemos a aula na discussão dessas ideias. Uma versão digital da obra pode ser encontrada nesse link: https://we.riseup.net/assets/695274/O+Normal+e+o+Patolo%CC%81gico+Georges+Canguilhem.pdf Continue reading

15 de novembro de 2020 – quarta aula de Reich e Conexões Contemporâneas

Continuamos o esquema de ler os capítulos do livro “Reich, Grupos e Sociedade”, e nessa aula trabalhamos o capítulo 4 “Sujeito, Produção de Subjetividade e Processos de Singularização”. Conforme as pessoas entravam, como estávamos em um dia de eleições municipais, o professor foi falando sobre a situação eleitoral no Rio de Janeiro, apresentando que acredita na estratégia do voto “menos pior”, e eu apresentei que a solução tem que passar pela nutrição da autonomia, do fortalecimento da autogestão e das relações horizontais, e apontei que isso inclusive se relacionava com a temática do capítulo que iríamos discutir na aula presente. Acabou que ficou num clima de “não vale a pena discutir isso”, obviamente com o professor apresentando mais longamente a sua visão, e não se aprofundou a questão; penso que perdemos com isso, não só por não discutir essa questão nesse momento, mas por enquanto sociedade não amadurecermos essa discussão, fortalecer as instâncias horizontais, aumentar os espaços de maximização de liberdade. Continue reading

14 de novembro de 2020 – quarta aula de Orgonomia

No início da aula, novamente o fenômeno das pessoas chegando atrasadas ocorreu, e eu aproveitei para perguntar sobre a experiência do Nicolau enquanto assisti do Roberto Freire, criador da Somaterapia. Ele disse que viveu experiências interessantes nesse período, no bom e no mal sentido; que o trabalho do Roberto Freire adveio da experiência deste com o teatro e com a Gestalt-terapia; que a Somaterapia não era um trabalho clínico, se aproximava muito mais de um “coach que te ensina a se soltar”, o que, segundo ele, foi muito bom para algumas pessoas mas desastroso para outras que tinham sofrimento psíquico que não poderiam se resolver dessa forma. Disse ele então que aprendeu com o Roberto Freire muito do que não se fazer na clínica, e que foi então procurar algo efetivamente reichiano; falou de como certa vez fizeram uma reunião de horas para discutir se o Roberto Freire colocava a palavra “liberdade” em um dos seus livros, visto aquela ser a época da ditadura militar no Brasil e isso poder soar provocativo; falou, através de um exemplo, da paranoia que havia nessa época. Continue reading

14 de novembro de 2020 – quarta aula de Seminários Clínicos

O Henrique iniciou a aula falando que falaria sobre “as questões da sexualidade feminina”, e que dividiria a mesma em duas partes: “o lugar da mulher nesse mundo que a gente viveu e como isso de alguma maneira fez com que ela aparecesse como uma questão importante para ser entendida pela Psicanálise freudiana e também dentro de um ponto de vista reichiano”. Marcou também que apresentaria as visões de acordo com o paradigma freudiano, então que não adiantava que fossem levantadas divergências, pois ele apresentaria a visão de Freud sobre a questão e como ela foi absorvida por Reich. Disse que relendo Reich para a preparação dessa aula achou incrível como este não possui quase nenhuma discussão sobre a questão da sexualidade feminina. Depois leu para nós o que disse ser um trecho de um poema escrito por Reich em 1938: “Não queremos proibir ninguém de viver sexualmente com um parceiro por toda a vida, mas não queremos forçar ninguém. A família deve ser uma continuidade alegre e não uma compulsão. A moralidade do dever produz exatamente o oposto do que pretende, a imoralidade. A mulher saudável não abraça um uniforme, mas um homem adorável. O homem não rouba o amor; ele o encontro, acorda e o encontra em outro lugar. Os amantes querem ficar sozinhos cada um no seu quarto”. Com esse poema fica evidente, se não por todo o resto, que Reich marca posições distintas para o homem e a mulher. Continue reading

11 de outubro de 2020 – terceira aula de Reich e Conexões Contemporâneas

Continuando a proposta do curso, nessa aula trabalhamos o capítulo três do livro “Reich, Grupos e Sociedade” – o que me faz pensar como lidaremos com o fato do livro ter sete capítulos. Nesse capítulo do livro, que inicia o “segundo corte” (o livro é dividido em três cortes – “é que o saber não é feito para conhecer, ele é feito para cortar”), o Marcus Vinícius vai fazer relações possíveis entre a teoria e prática reichiana com a obra (ou com a sua leitura da obra) de três autores: Nietzsche, Foucault e Deleuze. Como no relato anterior, acredito que uma boa forma de iniciar este é citar um parágrafo do início desse capítulo:

O movimento institucionalista e suas muitas vertentes se fundamentam, principalmente, em três filósofos: Nietzsche, Foucault e Deleuze. O primeiro recupera a força do ‘humano, demasiadamente humano’, o segundo denuncia o corpo sujeitado e seus atravessamentos sociais e o último, além de ser considerado por muitos senão o maior, sem dúvida, um dos maiores filósofos contemporâneos, é integrante de uma das correntes da Análise Institucional. Deleuze, discutindo temas tais como: desejo, devir, verdades e diversidades de fluxos, percorre inúmeros campos de conhecimento e contribui de forma decisiva para cada um deles Continue reading

10 de outubro de 2020 – terceira aula de Orgonomia

  Como a aula anterior se estendeu até depois das 13h, essa que iniciaria às 13:30 acabou atrasando um pouco, pois as pessoas demoraram a entrar na sala de videoconferência; aproveitando o hiato, perguntei ao Nicolau duas coisas sobre a teoria reichiana dos acumuladores orgônicos (muitas vezes referidos também como “caixas orgônicas”): dado que os primeiros experimentos de Reich nesse sentido foram com uma Gaiola de Faraday, se fazia algum sentido a ideia de que quanto mais camadas intercaladas de metal e material orgânico um acumulador tivesse mais potente seu efeito seria; e se dada a lógica apresentada por Reich entre material orgânico e metal se unidirecional (o orgânico acumula, o metal transmite – por isso os acumuladores devem ser de material orgânico por fora e de metal por dentro, mesmo que tenham múltiplas camadas, para que a energia flua de fora do acumulador para dentro), se fosse construído um acumulador “invertido”, com o interior de material orgânico e o exterior de metal, se o efeito também seria o inverso, de “desenergizar” aquilo/quem estivesse dentro. Continue reading

10 de outubro de 2020 – terceira aula de Seminários Clínicos

   Para essa aula o Henrique enviou por e-mail três materiais: dois vídeos do Conselho Federal de Psicologia (disponíveis na plataforma YouTube) e um texto de sua autoria. Os vídeos, intitulados “Olhares Diversos – Psicologia e Diversidade” e “Psicologia e Diversidade – Somos Diversos”, falavam sobre a questão da sexualidade humana e sua relação com o campo da Psicologia através de duas construções: em uma, profissionais da área falavam sobre como a sua abordagem enxerga o assunto, e todos disseram que não há questão de certo ou errado em relação a isso; em outra, pessoas que não se encaixam no perfil heterossexual e cis gênero falam sobre as relações sociais entre sexualidade e gênero; ambos os vídeos são curtos e bem produzidos, mas não aprofundam a discussão (não que isso seja um desmérito, pois parece ser exatamente essa a intenção de quem os produziu). O texto, intitulado “Sexualidades e Cultura”, foi construído como guião para uma palestra ou apresentação, e por isso consistia de pontos pertinentes a uma discussão sobre a questão da sexualidade humana e sua diversidade na clínica psicoterapêutica. Continue reading

Sobre o termo “bexiga” no livro A Função do Orgasmo

Quando li o livro A Função do Orgasmo de Reich, antes mesmo de entrar na formação do IFP, pensei haver entendido perfeitamente a analogia que Reich traz em relação ao masoquismo: ele diz que não se trata de um desejo de sofrer mas, pelo contrário, de um desejo de se livrar do sofrimento. Ele então faz uma analogia com uma bexiga que, completamente preenchida e esticada, não tendo mecanismos para aliviar-se, vai desejar ser furada para que possa voltar a relaxar. Isso me remeteu a uma história que um colega de turma da minha primeira graduação me contou: disse ele que sofreu um acidente de moto e foi hospitalizado, e que não estava conseguindo urinar; ao passar um dia, isso já estava incomodando muito, pois a vontade existia mas ele não conseguia, então uma enfermeira ofereceu que colocassem uma sonda, que passaria pela uretra, chegando até a bexiga e permitindo o alívio da urina acumulada; ele disse que recusou de pronto, a ideia de uma sonda sendo inserida pela uretra era incômoda demais; mas depois de três dias nessa situação, a dor da bexiga cheia e distendida era tão grande que ele pediu para que colocassem a sonda, o que efetivamente foi incômodo mas gerou um alívio grande e imediato. Continue reading

13 de setembro de 2020 – segunda aula de Reich e Conexões Contemporâneas

Essa aula, seguindo o esquema proposto pelo Marcus Vinícius, foi baseada no segundo capítulo do livro “Reich, Grupos e Sociedade”, denominado “Reich e o Holismo”; acredito que o pequeno parágrafo que abre esse capítulo é uma boa forma de iniciar esse relato:

Wilhelm Reich, assim como muitos autores, percorre diferentes caminhos ao longo de sua obra. Optou-se, neste trabalho, por uma análise que leve em consideração, além de sua rede familiar, três momentos específicos: um Reich psicanalista e marxista, analista de caráter e vegetoterapeuta, orgonomista e formulador da democracia do trabalho. Entretanto, que fique claro que estas fases se entrecruzam; portanto, não são estanques e completamente separadas umas das outras. Ao abordá-las, acredita-se que se está contribuindo para uma compreensão da obra reichiana Continue reading

12 de setembro de 2020 – segunda aula de Orgonomia

O Nicolau iniciou essa aula fazendo um pequeno e rápido resumo da aula anterior, dizendo que nela ele fez um apanhado geral da história da orgonomia e que nessa a ideia seria compreendermos a lógica da orgonomia, dizendo que “a orgonomia ela se propõe, ela chega a ser, um modo não só de entender, de compreender, as vicissitudes da vida emocional, a relação mente e corpo, mas ela se propõe a ser, na verdade um modo novo de se entender a própria realidade, quer dizer, ela extrapola, em muito, a dimensão da, entre aspas, psicologia ou psicanálise, extrapola em muito também a dimensão, digamos, da fisicalidade, da fisiologia, e essa lógica que eu quero tentar mais uma vez apresentar a vocês e tentar desenvolver esse modo de ver as coisas”. Continue reading