11 de outubro de 2020 – terceira aula de Reich e Conexões Contemporâneas

Continuando a proposta do curso, nessa aula trabalhamos o capítulo três do livro “Reich, Grupos e Sociedade” – o que me faz pensar como lidaremos com o fato do livro ter sete capítulos. Nesse capítulo do livro, que inicia o “segundo corte” (o livro é dividido em três cortes – “é que o saber não é feito para conhecer, ele é feito para cortar”), o Marcus Vinícius vai fazer relações possíveis entre a teoria e prática reichiana com a obra (ou com a sua leitura da obra) de três autores: Nietzsche, Foucault e Deleuze. Como no relato anterior, acredito que uma boa forma de iniciar este é citar um parágrafo do início desse capítulo:

O movimento institucionalista e suas muitas vertentes se fundamentam, principalmente, em três filósofos: Nietzsche, Foucault e Deleuze. O primeiro recupera a força do ‘humano, demasiadamente humano’, o segundo denuncia o corpo sujeitado e seus atravessamentos sociais e o último, além de ser considerado por muitos senão o maior, sem dúvida, um dos maiores filósofos contemporâneos, é integrante de uma das correntes da Análise Institucional. Deleuze, discutindo temas tais como: desejo, devir, verdades e diversidades de fluxos, percorre inúmeros campos de conhecimento e contribui de forma decisiva para cada um deles Continue reading

10 de outubro de 2020 – terceira aula de Orgonomia

  Como a aula anterior se estendeu até depois das 13h, essa que iniciaria às 13:30 acabou atrasando um pouco, pois as pessoas demoraram a entrar na sala de videoconferência; aproveitando o hiato, perguntei ao Nicolau duas coisas sobre a teoria reichiana dos acumuladores orgônicos (muitas vezes referidos também como “caixas orgônicas”): dado que os primeiros experimentos de Reich nesse sentido foram com uma Gaiola de Faraday, se fazia algum sentido a ideia de que quanto mais camadas intercaladas de metal e material orgânico um acumulador tivesse mais potente seu efeito seria; e se dada a lógica apresentada por Reich entre material orgânico e metal se unidirecional (o orgânico acumula, o metal transmite – por isso os acumuladores devem ser de material orgânico por fora e de metal por dentro, mesmo que tenham múltiplas camadas, para que a energia flua de fora do acumulador para dentro), se fosse construído um acumulador “invertido”, com o interior de material orgânico e o exterior de metal, se o efeito também seria o inverso, de “desenergizar” aquilo/quem estivesse dentro. Continue reading

10 de outubro de 2020 – terceira aula de Seminários Clínicos

   Para essa aula o Henrique enviou por e-mail três materiais: dois vídeos do Conselho Federal de Psicologia (disponíveis na plataforma YouTube) e um texto de sua autoria. Os vídeos, intitulados “Olhares Diversos – Psicologia e Diversidade” e “Psicologia e Diversidade – Somos Diversos”, falavam sobre a questão da sexualidade humana e sua relação com o campo da Psicologia através de duas construções: em uma, profissionais da área falavam sobre como a sua abordagem enxerga o assunto, e todos disseram que não há questão de certo ou errado em relação a isso; em outra, pessoas que não se encaixam no perfil heterossexual e cis gênero falam sobre as relações sociais entre sexualidade e gênero; ambos os vídeos são curtos e bem produzidos, mas não aprofundam a discussão (não que isso seja um desmérito, pois parece ser exatamente essa a intenção de quem os produziu). O texto, intitulado “Sexualidades e Cultura”, foi construído como guião para uma palestra ou apresentação, e por isso consistia de pontos pertinentes a uma discussão sobre a questão da sexualidade humana e sua diversidade na clínica psicoterapêutica. Continue reading

13 de setembro de 2020 – segunda aula de Reich e Conexões Contemporâneas

Essa aula, seguindo o esquema proposto pelo Marcus Vinícius, foi baseada no segundo capítulo do livro “Reich, Grupos e Sociedade”, denominado “Reich e o Holismo”; acredito que o pequeno parágrafo que abre esse capítulo é uma boa forma de iniciar esse relato:

Wilhelm Reich, assim como muitos autores, percorre diferentes caminhos ao longo de sua obra. Optou-se, neste trabalho, por uma análise que leve em consideração, além de sua rede familiar, três momentos específicos: um Reich psicanalista e marxista, analista de caráter e vegetoterapeuta, orgonomista e formulador da democracia do trabalho. Entretanto, que fique claro que estas fases se entrecruzam; portanto, não são estanques e completamente separadas umas das outras. Ao abordá-las, acredita-se que se está contribuindo para uma compreensão da obra reichiana Continue reading

12 de setembro de 2020 – segunda aula de Orgonomia

O Nicolau iniciou essa aula fazendo um pequeno e rápido resumo da aula anterior, dizendo que nela ele fez um apanhado geral da história da orgonomia e que nessa a ideia seria compreendermos a lógica da orgonomia, dizendo que “a orgonomia ela se propõe, ela chega a ser, um modo não só de entender, de compreender, as vicissitudes da vida emocional, a relação mente e corpo, mas ela se propõe a ser, na verdade um modo novo de se entender a própria realidade, quer dizer, ela extrapola, em muito, a dimensão da, entre aspas, psicologia ou psicanálise, extrapola em muito também a dimensão, digamos, da fisicalidade, da fisiologia, e essa lógica que eu quero tentar mais uma vez apresentar a vocês e tentar desenvolver esse modo de ver as coisas”. Continue reading

12 de setembro de 2020 – segunda aula de Seminários Clínicos

Para essa aula o Henrique enviou alguns dias antes dois materiais; o texto “Memória, Recordação E Ficção: a imagem fotográfica na clínica da Análise Psicorporal Reichiana”, escrito por ele e por quem acredito que foi seu orientador no doutorado, Ricardo Silva Kubrusly, e um vídeo chamado “Transcending Heidegger – The Cinema Of Terrence Malick”, um vídeo muito interessante que traz reflexões que interligam os dois autores, mostrando de uma forma muito bonita como o cinema também pode ser uma atividade filosófica – o vídeo está disponível na plataforma YouTube e tem legendas em português, recomendo fortemente que quem se interessar por cinema e/ou filosofia, ou mesmo quiser olhar as coisas de um ponto (talvez) novo, assista ao vídeo. Continue reading

23 de agosto de 2020 – primeira aula de Reich e Conexões Contemporâneas

Eu estava muito desejoso de fazer esse curso; desde o ano passado eu e uma amiga da formação estávamos “cercando” o Marcus Vinícius para oferecê-lo por conta do nosso interesse no trabalho com grupos, mas ele somente oferece curso livres nos semestres que não oferece um curso básico, e quando oferece cursos livres é sempre seguindo o ciclo de 5 “oficinas do corpo”. Quando o abordamos sobre essa possibilidade ele não nos deu firmeza, disse que haviam pessoas aguardando a próxima “oficina do corpo”, que conversaríamos na reunião de formação de turma – como as pessoas, de uma forma geral, demonstram clara predileção por cursos voltados para intervenções corporais, não tínhamos muita esperança de que esse curso fosse acontecer. Mas com a pandemia e as aulas online, ele ofertou o curso (e teve muita adesão), o que me deixou feliz de ter isso na minha formação. Continue reading

22 de agosto de 2020 – primeira aula de Orgonomia

De todos os cursos ofertados no IFP, esse é o único que me desperta um sentimento ambíguo (acompanhado talvez por Orgonoterapia, mas existem algumas questões que atenuam no caso deste): se ele fosse um curso livre ao invés de um curso básico, eu não o faria, e talvez até gostaria de que assim fosse; mas como ele existe, quero poder estudar bem o tema e pegar o máximo de informações e referências que eu puder. Isso porque Orgonomia é o nome da proposta de ciência que Reich criou baseado na sua ideia da existência do orgone (ou orgon, orgônio e derivados), algo que nunca foi satisfatoriamente comprovado frente a comunidade científica, mas que os reichianos acreditam piamente que existe e que a comunidade só não aceita as postulações de Reich porque é fechada àquilo que não lhe interessa. Então fazer um curso dedicado a isso pode tanto ser uma ótima oportunidade de conhecer as referências, experimentos e protocolos feitos dentro da Orgonomia que podem confirmar as suas hipóteses, ou então apenas ser seis meses de papo furado sobre uma pseudo-teoria de pessoas que querem saber de algo que “ninguém mais sabe” – bom, estando aqui, acho que o melhor é aproveitar bem e tentar me manter aberto. Continue reading

22 de agosto de 2020 – primeira aula de Seminários Clínicos

Essa foi a primeira aula online que tivemos na formação que se realizou “inteira” – as aulas de encerramento do semestre anterior, que também foram online, foram divididas em duas partes. Eu estava um tanto apreensivo em relação a isso, pois as atividades que tenho feito online e por telefone até aqui tem sido cansativas, muito mais do que quando feitas presencialmente, então a ideia de um dia preenchido por videoconferências não parecia muito sedutora. Mas o Henrique, professor desse curso, criou um esquema que achei bem interessante de pausas, e penso que isso permitiu que a aula não ficasse cansativa: ele fez tempos decrescentes, primeiro com um momento de 90m e uma pausa de 15m, depois mais uma hora e outra pausa de 15m e um último segmento de 30m. Outra coisa que penso que ajudou nisso foi que nos intervalos eu efetivamente saia da frente do computador, ia para o quintal e ficava olhando para longe (um lindo ipê amarelo que estava florido perto de casa ajudou bastante nisso), além de me esticar um pouco, estar sempre me hidratando e coisas assim. Se o meio muda é importante que as estratégias mudem também; isso vale para tanta coisa e, mesmo assim, ignoramos demais a potência dessa ideia. Continue reading

05 de julho de 2020 – sexta aula de Análise do Caráter III (segunda parte)

O Pedro iniciou essa aula fazendo uma checagem com as alunas sobre a aula anterior, procurando saber se havia ficado alguma dúvida sobre o conceito de Peste Emocional em Reich, se havia aparecido alguma questão nesse intervalo entre uma aula e outra; eu acho que essa é uma boa ferramenta pedagógica, essa ideia de fazer uma checagem no início dos encontros, e como aprendi com um professor da ESPOCC, não só em relação aos conteúdos e ao material mais diretamente ligado às aulas, mas também sobre como as pessoas estão, como chegaram até ali, se acordaram bem, se alguma coisa muita fora do comum aconteceu com alguém e esse tipo de coisa. Uma ferramenta assim se torna muito mais importante em cenários como a escola, aonde não existe uma aclimação para a aula, quando a professora entra em sala já é momento da aula, então é como se não houvesse uma transição; nas aulas presenciais do IFP isso não se processa exatamente dessa forma, ao menos para mim que sempre costumo chegar mais cedo, porque aí sempre tem uma conversa, sempre é dada aquela “tolerância de 10 minutos” que viram 20 fácil, fácil aqui no Rio de Janeiro, e nisso uma transição fica muito simples de acontecer; nos encontros online isso tem acontecido também, sempre rola uma conversinha antes, e assim a gente entra nos temas através de uma coisa ou outra que surgiu nesse bate papo. Claro que isso nem sempre é possível, mas penso que é algo interessante de se ter em mente quando se trabalha com aulas e educação. Continue reading