22 de agosto de 2020 – primeira aula de Orgonomia

De todos os cursos ofertados no IFP, esse é o único que me desperta um sentimento ambíguo (acompanhado talvez por Orgonoterapia, mas existem algumas questões que atenuam no caso deste): se ele fosse um curso livre ao invés de um curso básico, eu não o faria, e talvez até gostaria de que assim fosse; mas como ele existe, quero poder estudar bem o tema e pegar o máximo de informações e referências que eu puder. Isso porque Orgonomia é o nome da proposta de ciência que Reich criou baseado na sua ideia da existência do orgone (ou orgon, orgônio e derivados), algo que nunca foi satisfatoriamente comprovado frente a comunidade científica, mas que os reichianos acreditam piamente que existe e que a comunidade só não aceita as postulações de Reich porque é fechada àquilo que não lhe interessa. Então fazer um curso dedicado a isso pode tanto ser uma ótima oportunidade de conhecer as referências, experimentos e protocolos feitos dentro da Orgonomia que podem confirmar as suas hipóteses, ou então apenas ser seis meses de papo furado sobre uma pseudo-teoria de pessoas que querem saber de algo que “ninguém mais sabe” – bom, estando aqui, acho que o melhor é aproveitar bem e tentar me manter aberto.

Nicolau iniciou a aula falando sobre como existem “duas formas de começar a falar sobre a orgonomia (as duas são complementares): pensando historicamente o desenvolvimento da obra reichiana (…) a outra é pensar que importância isso tem para a clínica”. A partir disso ele foi desenvolvendo uma linha histórica do desenvolvimento do que chamou de “pensamento científico ocidental”, iniciando com o iluminismo e o início da “saída de cena” do pensamento revelado e da “entrada de cena” do pesquisador e do pensamento científico, que pressupõe pesquisa e reprodutibilidade. Aponta nos gregos antigos uma dualidade entre duas visões, uma em que haveria a suposição de um continuum entre todas as coisas, tudo que existe estaria interligado, e em outra, da qual ele diz que o materialismo é depositário, na qual as coisas são entendidas como atomizadas, que se baseiam na existência do elemento discreto, que pode ser entendido como separado. Para mim essa é uma divisão muito simplista, mesmo para uma recuperação histórica que apenas busca dar uma base para um trabalho outro, ou seja, aonde essa recuperação histórica não é o foco; mas uma descrição assim inadequada pode já colocar um equívoco “no jogo” que irá se acumular ao longo do trajeto e produzir grandes consequências com o passar do tempo. Ele definiu essa concepção materialista da seguinte forma: “a realidade é composta por objetos que, por sua vez, são compostos, esses objetos, de massa, quer dizer, extensão, e se relacionam entre si através de determinadas leis, aquilo que nós chamamos leis da física”. E depois de apresentar essa descrição adicionou: “por que será que nessa descrição, nessa visão de mundo que eu acabei de descrever a ênfase fica nos objetos, como definição de realidade, e não nas formas de relação desses objetos, que nós chamamos de leis da física? Por que eu estou fazendo esta observação? Porque a orgonomia ela muda o enfoque, a orgonomia vai se ocupar, na verdade, das formas de relação entre os objetos, vai priorizar o entendimento das formas de relação como prioritário, isso é o que vai definir tudo o que o Reich chama de energia, e vai explicar porque que o Reich utiliza, como utiliza, o referencial energético”. Continuando o seu resumo histórico, acrescentou que o Romantismo Alemão foi um movimento que tentou agregar “ao espírito materialista, ao referencial materialista mecanicista, alguma coisa que tinha se perdido anteriormente que seria a força da natureza, algo que foi profundamente rejeitado, porque primeiro remontava ao espírito do conhecimento anterior, à coisa divina e assim por diante, e também porque levava facilmente a alguma coisa que poderia ser chamada de misticismo e assim por diante”.

Depois desse pedaço de introdução ele abriu perguntas, e uma pessoa pediu para ele falar mais dessa questão da diferença de enfoque da orgonomia para o materialismo, e ele trouxe como exemplo a ideia de que “há duas disciplinas que mais do que quaisquer outras tem pouca possibilidade de definir o seu objeto de estudo, paradoxalmente a biologia e as disciplinas que estudam a consciência ou, para ser mais exato, a auto-consciência; ou seja, nós sabemos o que é vida e sabemos até certo ponto descrever e diferenciar a vida da não-vida, mas nós não sabemos essencialmente discernir uma coisa da outra, a consciência ou auto-consciência a mesma coisa”. Eu acho esse um ponto muito interessante, porque foram duas questões que me marcaram muito na minha trajetória de estudos; o primeiro, sobre a vida, eu me deparei lendo o (excelente) livro “A Teia da Vida” de Fritjof Capra, aonde ele mostra justamente isso, de que não há ninguém hoje que consiga definir exatamente o que é a vida, e o autor traz isso em um livro muito interessante aonde ele vai unindo diversos estudos que trabalham com um novo referencial epistêmico (que ele chama de “pensamento complexo”, se não me engano, embora apresente que existem alguns outros nomes para a mesma coisa) mas ainda sem se comunicar, e a ideia e promessa de seu livro é, justamente, conseguir fornecer uma visão coerente do que seria essa nova forma de pensar o mundo e, particularmente, a vida; sobre a questão da consciência, estudei de forma muito superficial o tema quando escrevia o meu zine “Livre de Drogas”, pois queria entender melhor o que é a consciência para poder desenvolver as minhas ideias em um caminho coerente, e aí me deparei com o filósofo John Searle, que afirma (ou, ao menos, afirmava) que ainda não possuímos uma boa definição científica do que seja a consciência, mas que podemos dispor de uma boa definição de senso-comum: “consciência é aquilo que a pessoa experiência do momento que acorda de um sono sem sonhos ou de um coma até novamente ter um sono sem sonhos ou um coma”.

Seguindo em seu resumo, o Nicolau trouxe uma frase que eu penso ser muito importante de registrar para pensar o desenvolvimento desse curso; ele diz: “existem, como eu disse, as tais leis da física, mas isso não é valorizado nessa definição [de materialismo, feita pelo próprio materialismo]. Então o que acontece se um olhar outro, ao invés de prestar atenção nos objetos, né, como realidade primeira ou como possibilidade maior de descrever a realidade primeira das coisas, o que acontece se alguém prestar atenção nas formas de relação, nas tais leis da física? Então, o comentário que eu fiz é que isso foi o Reich que fez, o Reich fez isso, ele fez isso a princípio sem sequer saber que ele estava fazendo isso, só futuramente ele mesmo veio a saber que estava fazendo isso. Então ele Reich começa como materialista, materialista histórico, depois ele abandona o conceito de materialismo por um conceito ou um referencial energético” (grifo meu). Por que eu acho isso importante? Pois temos uma pessoa na formação que acredita e insiste, e que embota tenha manifestado isso poucas vezes nunca vi ninguém discordando, que a concepção energética de Reich é uma concepção materialista, pois ele entendia essa energia como algo material; aqui o Nicolau fala explicitamente que Reich abandona o conceito de materialismo ao adotar um referencial energético. Um pouco mais à frente na aula o Nicolau traz uma ideia que se agrega a isso para compreendermos essa relação entre a concepção de energia em Reich e o materialismo: “A concepção de orgone que Reich faz é semelhante a deus, ele é onipresente, só que não é um ente com volição, com objetivos e assim por diante, é uma propriedade do mundo, é uma propriedade do mundo e no mundo”.

Outro ponto interessante de registrar veio a partir de uma pergunta que uma pessoa fez: “Quando eu leio sobre orgonomia, eu fico pensando assim, é, por que que ele chamou de orgone uma energia específica, e aí ele arrumou um problema com os físicos, né, porque não há… enfim, ele diz que o orgone é uma energia universal, primordial, sendo que só há uma energia, o Reich ele traz uma ideia de que há um outra espécie de energia própria, e aí isso bagunçou tudo. Não sei se você vai falar sobre isso no curso, ou se você poderia adiantar alguma coisa sobre”; eu achei essa pergunta muito interessante, mas antes de explorar o motivo acho importante registrar também a resposta do Nicolau: “Ele não diz ‘há uma outra forma de energia’, sim, é uma outra forma, mas quando ele diz há uma outra forma de energia ele quer dizer uma outra forma de energia da qual as outras forças derivam, ele coloca hierarquicamente também. A forma de energia como nós conhecemos são derivadas da energia orgone. Lembrando que quando nós… o termo energia é a casa da mãe Joana, quer dizer, que nós podemos, né, podemos até utilizar energia, sabemos fazer transduções de energia, mas nós não sabemos o que é energia a não ser por uma definição que é redundante, energia é aquilo que desloca massa no espaço, em última instância; portanto é uma definição longe de ser suficiente. Quando eu falei sobre isso, né, relação de força, energia, trabalho e assim por diante, um fator diferencial na orgonomia, da base conceitual da orgonomia, isso é absolutamente fantasmagórico pro conhecimento que nós temos, na física tradicional acadêmica, né, energia é aquilo que se pode detectar a existência pela produção de trabalho que ela evoca, deslocamento de massa, mas aí nós temos energia, batendo em alguma coisa, e produzindo trabalho, né, ainda a metáfora é basicamente o exercício humano da força, vamos dizer assim. A concepção reichiana é bastante mais drástica; na concepção reichiana, energia é algo automovente, ele não encosta em alguma coisa e move alguma coisa, ela se move, olha deus de novo, ela se move – isso é essencial. A questão é que todas essas formulações reichianas elas derivam não de uma especulação filosófica simplesmente, mas de protocolos experimentais que ele fez, desenvolveu e publicou, ou seja, a gente pode acompanhar, embora a gente não tenha tanto acesso assim a tudo isso, a gente pode observar e acompanhar de onde ele tira essas coisas. Então a energia é algo automovemente, na concepção energética reichiana; ela é uma forma essencial, mais essencial de eletromagnetismo, de qualquer coisa, as outras energias derivariam dela e ela é automovemente, e ela tem uma forma própria, espontânea, que o Reich vai chamar de orgonon… enfim, a gente vai passar por tudo isso ao longo do tempo”. Eu achei esse questionamento muito interessante pois ele coloca em jogo algo fundamental, que é como a ideia do orgone não pode ser entendida, da forma que Reich postula, como uma energia – não se quisermos utilizar a palavra como a física a entende. Energia não é algo que existe por si, energia é uma característica, uma grandeza, que os corpos possuem, como peso ou altura, não algo que existe sozinho. Da mesma forma que você não pode “pegar um X de peso” ou “transmitir um Y de altura”, você não pode fazê-lo com energia, pois todas são características que os corpos possuem, não coisa que podem existir separadas dos corpos. É importante perceber que com isso não se trata de investigar ou dizer se o orgone existe ou não, mas apenas apontar que chamar a postulação de Reich de energia é um equívoco conceitual, uma imprecisão que já apresenta um grave problema de concepção – pois não é apenas uma questão de batismo, de “que nome vamos dar a isso que se descobriu”, mas sim de um desenvolvimento histórico de uma ideia, que tem suas origens na postulação da libido como uma energia sexual.

Depois disso o Nicolau disse que faria um apanhado lógico-histórico do trabalho de Reich, um resumo da sua trajetória; segundo ele, as bases do pensamento reichiano/orgonômico já estão contidas no livro Análise do Caráter, inclusive porque a terceira parte do livro já possui capítulos escritos em sua fase orgonômica, e o restante do livro recebeu notas em edições posteriores para fazer apontamentos sobre a sua visão recortada pelos conceitos da orgonomia. O próprio Nicolau escreveu um texto aonde faz algumas considerações nesse sentido, inclusive recomendou esse texto como material para essa primeira aula, ele se chama “Dialética, Complexidade e Funcionalismo Orgonômico: Engels, Morin e Reich” e é facilmente encontrado na internet. Falou de como Reich traz para a clínica psicanalítica um olhar sobre o sucesso e o insucesso do processo analítico, da persistência de quadros que não melhoram mesmo com análise profunda; de como Reich registra que as análises que corriam bem eram aquelas aonde o paciente tinha oportunidade de reagir afetivamente com frequência; registra como alguns pacientes passam por alterações posturais ao longo do processo analítico que apresenta bons resultados, e se interessa por essa correlação entre corporeidade, atitude e personalidade. Falou de como a sua participação na Sociedade Psicanalítica de Viena lhe despertou a atenção para o fenômeno da transferência negativa latente; “uma falsa transferência positiva que servia, na verdade, ao propósito de esconder a transferência negativa”. Coloca como questão teórica a partir das suas observações “qual deve ser o objetivo da análise, tornar consciente o inconsciente ou modificar a estrutura libidinal do paciente?”.

Respondendo a uma dúvida sobre o conceito de transferência negativa latente, o Nicolau trouxe uma informação que eu achei muito relevante sobre o conceito de pulsão de morte em Freud, que é sempre uma das primeiras coisas apontadas quando alguém vai marcar as diferenças dentro da Psicanálise entre Freud e Reich; disse ele: “foi em função da transferência negativa latente não reconhecida pelo próprio freud que ele criou como erro teórico a pulsão de morte; pulsão de morte, em última instância [inaudível, problema na conexão] de repente do nada volta tudo que era antes e ele larga a análise – isso é pulsão de morte, pulsão de morte se assenhorando da situação e destruindo, digamos assim, a possibilidade de eros se efetivar. O que que o Reich vai falar sobre isso no Análise do Caráter? Isso é um erro teórico em função de um erro técnico, é porque o Freud não podia localizar a transferência negativa latente que esta ficava lá, comendo nas beiradinhas, e se manifestava um dia. Na prática a gente pode verificar isso, então, quando você como analista reichiano você trabalha na análise do caráter prestando atenção na transferência negativa latente o que que acontece, o paciente não vai embora, não dessa forma abrupta, porque a hostilidade recalcada é trazida à tona, via intervenção. Olha como uma questão de técnica, olha só, tem toda uma teoria da clínica e toda uma teoria da metapsicologia, falando assim de pulsão de morte, que nessa ótica deriva de um erro técnico, já que a perspectiva freudiana da própria Psicanálise é a teoria da técnica a partir da clínica, ou seja, a partir da observação da clínica consigo uma teoria da clínica, a partir de eventos como esse construiu-se a teoria da pulsão de morte”.

Depois de um intervalo, uma pessoa veio com uma pergunta sobre o referencial na física que Reich teria usado, apontando que Freud utiliza nas suas construções sobre libido um modelo hidráulico, e a resposta que o Nicolau trouxe pontua novamente algumas questões interessantes sobre a sua compreensão (que não tenho no momento condições de avaliar o quanto se aproxima ou se afasta da concepção de Reich – por mais que tenhamos que superar o peso que Descartes colocou sobre nós, temos que apreender também aquilo que ele trouxe de positivo para a construção do conhecimento, e o primeiro princípio que ele elenca em seu Discurso do Método é “nunca aceitar algo como verdadeiro que eu não conhecesse claramente como tal; ou seja, de evitar cuidadosamente a pressa e a prevenção, e de nada fazer constar de meus juízos que não se apresentasse tão clara e distintamente a meu espírito que eu não tivesse motivo algum de duvidar dele”): “Qual é o referencial por excelência reichiano? É o energético. Mas a energia, o conceito de energia surge coma termodinâmica, antes não existia o conceito de energia; mas o conceito de energia que o Reich utiliza não se resume ao conceito de energia que surge a partir da termodinâmica, ele é mais amplo, essa vai ser a grande dificuldade dos não-reichianos, digamos assim, para lidarem com o referencial energético reichiano – não é uma dificuldade do Reich, uma dificuldade dos não-reichianos porque você tem que acompanhar toda a evolução do pensamento reichiano, aonde ele postula, inclusive… primeiro, a postulação que ele faz a respeito da energia (…) ele diz ‘essa energia é auto movente’, ela é auto movente; dois, essa energia ela contém nela mesma um princípio organizador, ele tem uma gestalt, ela tem uma forma nela mesma, ela, essa energia que tem essa forma, organiza o universo, organiza a realidade, então essa energia, por sua vez, ela pode também, ela se manifesta também numa condição livre de massa pra só depois, em determinadas circunstâncias, em função da sua forma característica, ao diminuir a sua velocidade, produzir matéria, então a gente tem uma… um conjunto de complicações, vamos dizer assim, nesse sentido. E mais ainda, mais ainda: essa energia tem uma característica mágica – entre aspas ‘mágica’, vai – uma característica mágica que é, ela… é intrínseco a ela, se nós pensarmos energia como onipresente, né, tudo está espalhado em todos os lugares, ela tem uma característica dela mesma que é a própria dialógica, ou seja, a identidade dela se formaliza na relação com o outro, com o outro também. O Laplanche diz que a palavra que descreve melhor a Psicanálise é o conceito de inconsciente; então a palavra que melhor descreve o conceito reichiano de orgonomia é a ideia de energia, mas a ideia de energia com toda essa complicação que eu formulei, que não é só energia na física clássica que é um troço que empurra, né, e se transforma em outros troços que empurram, é algo bem mais complexo, mas amplo que isso”. A colocação “fala por si”, deixa explícito que a ideia de “energia orgone” para Reich é, efetivamente, algo que não pode ser classificado como energia de acordo com a física, pois se imagina que ela “se manifesta também numa condição livre de massa” – novamente, até onde o meu limitado conhecimento permite chegar, a energia é uma característica da matéria, assim como peso, altura, cor e forma; falar em energia sem matéria seria como falar de uma forma ou de uma cor sem matéria. Pelo bem da precisão, acredito que é importante repetir outra coisa também: com isso não estou colocando em discussão a existência ou não do que Reich chamou de “energia orgone”; eu acredito que isso tem que ser questionado, claro, mas a única coisa que estou fazendo aqui é apontar que chamar isso de energia demonstra um erro conceitual básico – é como eu misturar farinha, açúcar, chocolate, água, óleo e fermento e chamar de lasanha.

Depois disso o Nicolau falou sobre os escritos e experimentos de Reich sobre abiogênese, a ideia de que a vida pode surgiu do não-vivo. Segundo ele, todas as contribuições de Reich nesse campo estão compiladas no livro “A Biopatia do Câncer”, inclusive com a descrição dos seus experimentos e fotografias das etapas que ele fez nesse sentido. Reich afirma que conseguiu observar certas “vesículas” que se formam nas bordas de pedaços de grama que foram colocados em preparados e esterilizados, e denomina isso de Bions, que seriam uma etapa intermediária entre o vivo e o não-vivo. Falou de como esses experimentos foram feitos por Reich no porão de sua casa, e ele começou a observar fenômenos luminosos ocorrendo, ficou com conjuntivite no olho que utilizava o microscópio, e evitando utilizar esse olho ficou com conjuntivite no outro, e por isso postulou que existiria algum fenômeno com radiação ocorrendo ali.