17 de abril de 2021 – Terceira aula de Processos Clínicos

Iniciando essa aula, o Marcus Vinícius disse que dividiria a aula em dois momentos: no primeiro, nos concentraríamos no texto indicado para essa aula, o capítulo 10, intitulado “Tipos de Intervenção Verbal”, do livro Teoria e Técnica de Psicoterapias de Hector Juan Fiorini; no segundo, que ele chamou de “intervenções corporais indiretas”, que seria possibilidades de apontar, sinalizar questões corporais no paciente e trazer isso para a análise. A primeira coisa feita pela autor, então, é definir o que são intervenções terapêuticas: “Uma teoria das técnicas de psicoterapia requer uma conceituação de seus instrumentos, que está intimamente ligada a uma concepção do processo terapêutico. As intervenções dos terapeutas são instrumentos essenciais desse processo. Assim sendo, é importante deter-se na discussão teórica dos fundamentos e alcances de cada um destes recursos técnicos. É importante, sobretudo, clarificar o sentido do emprego de cada uma destas intervenções e seu valor como agente de modificação”. Embora o autor liste diferentes formas de intervenção, é importante perceber que muitas delas se aproximam ou se complementam, e por isso não é o caso de entendê-las como coisas estanques. Continue reading

20 de março de 2021 – Segunda aula de Orgonoterapia

Iniciamos essa aula com algumas pessoas fazendo questionamentos e trocando impressões sobre o uso que as pessoas estão fazendo da “manta orgonômica”. Tenho me incomodado um pouco com isso, com os vieses de confirmação que rolam soltos nessas conversas e, pior, sob uma certa atmosfera de “estamos fazendo pesquisa, verificando na prática, então a coisa funciona mesmo”. Para ilustrar isso, nesse início de aula uma pessoa fez um questionamento partindo da mesma observação que já registrei aqui, sobre o formato da manta ser diferente da caixa, então que isso deveria impactar diretamente no seu “funcionamento”, mas apesar de ser uma questão que considero bem interessante, não houve discussão, a Denise se limitou a dizer algo como “tem que testar pra ver”, deixando evidente uma filiação teórica com um certo indutivismo, desse tipo que acha que nossos sentidos apreendem diretamente a realidade então tudo aquilo que observarmos há de ser a realidade. Continue reading

20 de fevereiro de 2021 – primeira aula de Orgonoterapia

A Denise iniciou essa primeira aula apresentando a ideia do curso, dizendo que “a orgonoterapia é a parte clínica da orgonoterapia” (que, eu imagino, ela quis dizer “orgonomia” ao invés de repetir “orgonoterapia”), e mostrando como ela fará mais sentido para as pessoas que já tenham feito os outros cursos da formação, pois ela falou em “revisão” dos conteúdos. Isso é uma fala interessante e que passou razoavelmente desapercebida pelas pessoas, acredito, pois ela levanta um problema com essa estrutura “circular” da formação – afinal, alguém poderia estar entrando justamente nesse módulo (o que, inclusive, é verdade nesse semestre) e não teria esse conteúdo acumulado sobre o qual se revisaria algo. A princípio isso não é um problema, pelo contrário, seria uma coisa boa, afinal poderíamos pensar que a pessoa teria um resumo do que iria ver mais à frente no curso; mas o fato é que o desenrolar do curso não é bem esse (digo isso após já ter feito metade do curso orgonoterapia e já estar na reta final da formação), ele realmente pressupõe conhecimentos anteriores sobre a teoria e a prática clínica reichiana, penso que se eu tivesse entrado nesse módulo me sentiria um tanto perdido nas aulas. Continue reading

20 de fevereiro de 2021 – primeira aula de Processos Clínicos

Para essa aula, cometi um erro por pura desatenção: estudei o texto errado! Pior que eu estou com um horário bem restrito por conta da faculdade, as aulas do pré-vestibular onde leciono vão iniciar, dois grupos de estudo, grupo de intervisão, a própria formação e o Projeto, então tive que criar horário para esse estudo, não no sentido de que não hão horas no meu dia para estudar o que eu preciso (matematicamente, elas existem), mas porque estudar exige outras coisas que não só o tempo disponível, você tem que vencer obstáculos internos (aquela vontade de fazer outra coisa, o sono, a dificuldade de leitura, como definir prioridades entre o que é necessário) e externos (o calor, a música alta alheia, a dinâmica de morar com outras pessoas). Continue reading

Sobre uma concepção equivocada em relação à produção de conhecimento

Esse mês, mais especificamente amanhã, iniciam as aulas do que seria o meu último semestre como aluno da formação – fazendo três cursos por mês, dois básicos e um livre, conseguiria terminar a formação em cinco semestres. Disse que seria o meu último semestre pois não será, visto que nesse semestre foi oferecido apenas um curso livre e eu não me interessei por ele – assim, terei que fazer dois cursos esse semestre e mais um no próximo. Continue reading

17 de janeiro de 2021 – sexta aula de Reich e Conexões Contemporâneas

Chegando à última aula desse curso, posso dizer que foi uma experiência muito aquém do que eu esperava quando pensei e propus esse tema para o professor junto com outra amiga da formação, quando conversamos com a turma antecipadamente tentando conseguir pessoas para não só termos o quórum necessário mas também para saber se ninguém estava esperando que o Marcus Vinícius ofertasse nesse semestre a Oficina do Corpo I (ele nunca oferece mais de um curso por semestre, e como são cinco Oficinas do Corpo, ele argumentou que poderia haver alguém já contanto com ele oferece a I nesse semestre. Nesse cenário de aulas online, entretanto, ele mesmo optou por oferecer esse curso ao invés de uma Oficina do Corpo). Desde antes de entrar na formação que eu me interessava pela perspectiva que ele desenvolveu de um trabalho em grupo de bases reichianas, já relatei várias vezes que o meu interesse por psicoterapias se desenvolve com meus estudos sobre a Soma (que é uma terapia de grupo), então esse curso foi muito esperado. Infelizmente, embora o conteúdo tenha sido muito bom e eu certamente tenha aprendido muita coisa e criado bases para estudar tantas outras, foi um curso que acrescentou muito pouco à leitura do livro; ou seja, não acho que compensa o tempo, o dinheiro e o esforço de fazer o curso se se tem o livro à disposição para ler e estudar – se houverem duas ou mais pessoas interessadas em fazer um grupo de estudo a partir do livro, então, certamente esse curso seria desnecessário. Certamente as contribuições que o Marcus Vinícius fez ao longo do curso foram enriquecedoras e apenas a leitura do livro não as comportaria; a questão pra mim não é dizer que ler o livro e fazer o curso são a mesma coisa, mas sim que aquilo que o curso acrescentou, na minha opinião de merda, à leitura do livro, não compensa o tempo, o dinheiro e o esforço de fazer o curso. Continue reading

16 de janeiro de 2021 – sexta aula de Orgonomia

Essa foi uma aula onde eu me decidi em realmente não fazer intervenções a não ser que eu tivesse efetivamente alguma dúvida muito grande com algo que estava sendo discutido; se fosse algo que eu acreditasse poder resolver consultando outros materiais, deixaria para fazê-lo ao invés de trazer as questões para a aula. Isso por três razões principais: a primeira é o conteúdo do curso, pois já tivemos cinco aulas e nada foi apresentado que efetivamente comprove a existência da tal energia orgone (ou de qualquer coisa como “uma energia livre de massa”; sempre que questionamentos nesse sentido foram apresentados, a resposta era “o Reich tem centenas de protocolos científicos publicados” – nunca nenhum desses foi trazido para ser explorado em aula, mesmo que nas questões que eu preparei na aula anterior eu aponte que esse tipo de material seria excelente para o curso. A segunda razão é a própria estrutura ou condução desse curso, pois ficou claro desde a terceira aula que não havia mais conteúdo a ser apresentado e desenvolvido, que as repetições que aconteciam não cumpriam uma função didática de fixação (ou qualquer outra), eram apenas o recurso encontrado para esgotar o tempo de aula por não haver conteúdo organizado para a apresentação. A terceira é que eu não queria desempenhar nessa aula o papel de ser uma das pessoas que fica puxando a discussão, tanto por curiosidade de quais seriam as questões que as pessoas trariam quanto por cansaço de ocupar esse lugar. Acabou que, não por isso, foi uma aula cansativa e que agregou muito pouco conhecimento ao que já havia sido apresentado até aqui. Continue reading

16 de janeiro de 2021 – sexta aula de Seminários Clínicos

Como material para essa aula, o Henrique enviou para a turma um texto de sua autoria intitulado “O corpo na cidade: ansiedade e medo como campo de estudo da Psicanálise do sujeito urbano”, um artigo que, segundo ele, foi escrito para um colóquio entre a faculdade Santa Úrsula (onde ele já lecionou) e a Universidade de Sorbonne. É um artigo que traz uma proposta interessante, que acho bem apresentada no resumo do mesmo: “Este artigo procura discutir a possível relação entre as questões fóbicas do sujeito e o ambiente urbano. Parte do pressuposto que a construção das patologias se desenvolve na íntima relação entre a unidade psíquico-somática e o espaço social no qual o sujeito se constitui”. Continue reading

13 de dezembro de 2020 – quinta aula de Reich e Conexões Contemporâneas

Seguindo o modelo desse curso, nessa aula continuamos com os capítulos do livro “Reich, Grupos e Sociedade”; como também costumo fazer nos relatos, acho que uma boa introdução da aula são os parágrafos iniciais de cada capítulo, que fazem uma espécie de introdução do mesmo – nesse capítulo, em especial, a coisa é bem bonita:

Apesar de todas as forças contrárias, descortina-se o coletivo. Lá estão seus elementos: o inconsciente, o drama, a consciência, a contestação da onisciência, a unidade psique-soma, as instituições, a fraternidade e tantos outros. É, exatamente, no seio da construção, manutenção e exacerbação do individualismo, que surge o sonho, a utopia social sem pai, nem patrão. Continue reading

12 de dezembro de 2020 – quinta aula de Orgonomia

Percebendo que havia pouca participação nas aulas, no fim do encontro anterior o Nicolau pediu que as pessoas lessem um de seus textos e trouxessem questões para essa aula, que a aula seria toda baseada nessas questões. Durante a aula ele comentou de um outro texto e disse que poderíamos utilizar ele para trazer as questões também, então algumas pessoas já pesquisaram na internet pelo texto e acabaram encontrando outro, que ele disse então que poderia também ser utilizado para levantar as questões. Esses textos são “Dialética, Complexidade e Funcionalismo Orgonômico: Engels, Morin e Reich”, “Resistência Caracterológica, Defesa Biofísica e a Aplicação Do Princípio Crânio–Caudal Na Clínica Orgonômica (Reichiana)” e “Wilhelm Reich: Psicanálise, Corpo e Ciência”. Como os três são textos curtos, acabei por ler os três e anotar algumas questões que achei interessante de explorar em aula, colocando em um arquivo de texto e salvando no diretório do curso que tenho em meus documentos no computador. Mas na semana da aula, revisitando e pensando nessas questões, me ocorreu que possivelmente eu seria uma das poucas pessoas, talvez três ou quatro, que levariam questões para a aula, e pensei que isso seria ruim pois acabaria “fazendo a aula acontecer” apesar disso, ao invés do que eu acho ser o certo, que seria discutirmos as causas, motivos, razões e circunstância disso acontecer dessa forma. Por conta disso, então, enviei um e-mail para o Nicolau com as questões que eu havia anotado, falando para ele que por conta dessa possibilidade se ser um dos poucos a formulá-las, preferia me manter em silêncio durante a aula, e que se ele achasse relevante poderia utilizar as questões que eu enviei como uma forma de conduzir a aula. Acabou que no dia do curso eu não fui um dos únicos que elaborou as questões, fui o único, e então a minha intenção, como havia dito, era permanecer em silêncio e ver qual seria o caminho que a turma (alunas e professor) iria tomar em relação a essa questão; não deu certo, pois o Nicolau de pronto anunciou que eu havia enviado questões e me perguntou se eu não queria lê-las para que nós trabalhássemos em cima delas. Continue reading