14 de março de 2020 – quinta aula de Vegetoterapia II

Como não poderia deixar de ser, essa aula foi iniciando com uma conversa sobre a pandemia de SARS-CoV-2/COVID-19, com foco no como isso está afetando o trabalho dos psicoterapeutas, passando também pela decisão de manter as aulas nesse mês no IFP. Ao discutir isso, a Denise foi entrando na questão dessa aula, que ela havia pensado um trabalho em dupla mas que por conta da pandemia ela iria fazer um trabalho individual, e ao falar do segmento pélvico e como ele não poderia ser profundamente trabalhado ali no curso pois no trabalho terapêutico ele é trabalhado apenas no final do processo, uma pessoa trouxe uma questão, em resumo, sobre o quão rígida deve ser essa “ordem” do trabalho com os segmentos, se haveria a possibilidade de fazer apenas um trabalho “rápido” com uma pessoa que chegasse ao consultório com alguns segmentos já bem trabalhados; a Denise respondeu que a indicação, embora exista, não é rígida, mas que ela nunca recebeu alguém em seu consultório que não precisasse de um trabalho significativo nos primeiros segmentos, por exemplo, e ressaltou que a forma da orgonoterapia trabalhar é “dos segmentos superiores para os segmentos inferiores, do atual para o passado e do superficial para o profundo”. Continue reading

08 de fevereiro de 2020 – terceira e quarta aulas de Vegetoterapia II

Seguindo o esquema de janeiro, aonde tivemos aula dupla de Análise do Caráter III, agora em fevereiro tivemos aula dupla de Vegetoterapia II. Assim, a Denise iniciou explicando que nessas duas aulas trabalharíamos quatro segmentos: cervical, torácico, diafragmático e abdominal. A partir disso, ela trouxe uma ideia de que haveriam pares funcionais de segmentos de couraça, um conceito criado por Blanca Rosa. O segmento ocular faz par com o segmento abdominal, que “faz a correlação da gestação do bebê com o olhar da mãe e todas as sensações intra-uterinas”; o segmento oral faz par com o segmento pélvico, “que é o lugar do desejo, no bebê, é na amamentação que você estabelece a possibilidade de ser um bom ou uma boa amante, a relação da sucção com o desejo, da experiência do prazer, inclusive uma questão física da articulação pélvica com a articulação mandibular tem uma funcionalidade”; o segmento cervical faz par com o diafragmático, “que está muito ligado à questão da entrega, o controle e a entrega, que é muito importante para o reflexo do orgasmo, assim como a língua, que está ligada ao segmento cervical e tem relação com o engolir”; o segmento torácico seria ímpar, que é onde estão muitos dos órgãos de funções vitais, como o coração e os pulmões. Continue reading

25 de janeiro de 2020 – terceira e quarta aulas de Análise do Caráter III

Como a Denise não poderia dar a aula de Vegetoterapia II hoje, foi feito o esquema de “dobra”, já realizado em semestres passados: em um mês são dadas duas aulas do curso A, pegando a manhã e a tarde do sábado, e no mês seguinte são duas aulas do curso B, no mesmo esquema. Assim, agora em janeiro tivemos duas aulas de Análise do Caráter III, e em fevereiro teremos duas aulas de Vegetoterapia II.

O Pedro iniciou anunciando que trabalharia o capítulo XIV do livro Análise do Caráter, chamado “A Linguagem Expressiva da Vida”, do qual já havia sido pedida a leitura pela Denise, para a aula anterior de Vegetoterapia II; isso foi bom para mim pois já cheguei na aula com o texto lido, fichado e relido, ajudando bastante a acompanhar a leitura e explicações sobre o texto que o Pedro fez. A exposição dele inicia com um contexto histórico, falando da ascensão do Nazismo na Europa, da saída de Reich da Associação Psicanalítica Internacional, das apresentações e publicações de seminários e artigos de Reich que acabaram por constituir a terceira parte do Análise do Caráter (só entrando na terceira edição do livro), de como o trabalho de Reich foi passando pelas suas três fases (Análise do Caráter, Vegetoterapia, Orgonomia) mas sem nunca abandonar a sua ligação com a psicanálise, os estudos de Reich sobre o potencial bioelétrico da pele, sua teoria dos bions e o desenvolvimento da orgonomia e da orgonoterapia, trazendo o exemplo que sempre trás do uso que Reich fazia do microscópio, aumentando a magnificação da imagem às custas na nitidez mas ainda permitindo a observação do movimento. Continue reading

21 de dezembro de 2019 – segunda aula de Vegetoterapia II

  A Denise iniciou anunciando que a aula seria sobre os dois primeiros segmentos, o ocular e o oral, e que somados ao cervical foram o grupo de segmentos ligados à vinculação, ao estabelecimento do vínculo. Segundo ela, a principal função do segmento ocular (que, vale lembrar, abrange o topo da cabeça, toda a parte de trás da cabeça até próximo do início do pescoço, o nariz e as orelhas) seria o contato, tanto com o mundo quanto com “o outro”, assim como o seu contrário, a dissociação. Esse é mais um ponto que mostra que faz bastante sentido a indicação de Federico Navarro de que o processo terapêutico na vegetoterapia sempre inicie pelo segmento ocular, pois assim terapeuta e paciente criarão o vínculo terapêutico ao mesmo tempo que se trabalha a dissolução ou afrouxamento da couraça ocular que impediria esse contato. Continue reading

21 de dezembro de 2019 – segunda aula de Análise do Caráter III

  Como esqueci de levar o gravador para a aula, o colega de curso Lucas Bezerra fez a gentileza de gravar as aulas do sábado em seu celular, o que foi muito útil para que eu possa fazer esses relatos com maior conteúdo e, com isso, revisitar aula e densificar os estudos. Com isso, o Lucas começou a gravação com alguns minutos de aula já transcorridos, e no exato momento que a gravação inicia o Pedro está falando, mais uma vez, do seu entendimento da teoria do “biólogo quântico” Bruce Lipton; dessa vez, no entanto, ele desenvolveu uma analogia que eu achei interessante, embora não saiba ainda avaliar o quão precisa ela é: Continue reading

20 de dezembro de 2019 – segunda aula de Clínica Psicorporal das Psicoses e dos Transtornos Mentais

  Nessa aula nós nos concentramos no livro “Notas Psicanalíticas Sobre um Relato Autobiográfico de um Caso de Paranóia (Dementia Paranoides)” de Freud, aonde o autor vai oferecer uma análise psicanalítica de um paciente que nunca conheceu, Daniel Paul Schreber, através da autobiografia deste, “Memórias de um Doente dos Nervos”. Freud inicia seu texto explicando as dificuldades para o estudo psicanalítico da paranoia, visto que essa condição deveria ser tratada por médicos ligados a instituições públicas, assim os contatos que Freud teve com a paranoia não seria suficientes para a elaboração de conclusões psicanalíticas. Segue fazendo um resumo do livro de Schreber, apontando e citando explicitamente os trechos nos quais baseia suas interpretações. Continue reading

09 de novembro de 2019 – primeira aula de Análise do Caráter III

A maior obra clínica de Reich é o livro Análise do Caráter, que é dividido em três partes; a primeira edição contava com as duas primeiras, enquanto que a terceira foi adicionada posteriormente, assim como alguns comentários e notas de rodapé. O livro é basicamente uma coletânea de artigos que Reich apresentou em diversas conferências, reunidos e modificados para formar um todo coerente sobre a sua técnica psicanalítica, a Análise do Caráter. Seguindo a dinâmica do próprio livro, no IFP existem três cursos sobre o livro, cada um teoricamente lidando com uma das partes dele; Continue reading

09 de novembro de 2019 – primeira aula de Vegetoterapia II

Esse curso foi ministrado pela Denise Dessaune, a única coordenadora com quem eu ainda não tinha tido contato até então (embora ainda não tivesse tido aula também com o Henrique, já tinha contato com ele nas supervisões do CAP). Ela iniciou apresentando o curso como um trabalho sobre a intervenção na couraça muscular, que Reich inicia com a percepção de que apenas o apontamento (através de indicação ou repetição) das atitudes do paciente não era suficiente para tornar consciente essas atitudes de defesa, devido à existência de uma rigidez que não se afrouxava, de onde vem as intervenções diretamente no corpo do paciente, no que Reich denomina “couraça muscular”, que seria um par da “couraça caracterológica”, ambas caminhando juntas no modo de ser da pessoa. Segundo a Denise, é fundamental que o terapeuta reichiano tenha muita atenção a todos os movimentos e sutilizas com que o paciente se apresenta durante a sessão de análise. Continue reading

12 de outubro de 2019 – sexta aula de Vegetoterapia I

A aula iniciou com o Pedro dizendo que ela seria sobre massagem, pois haviam feito esse pedido na aula anterior, e que, pensando, ele chegou à conclusão de que a principal preocupação com massagem no trabalho reichiano é atuar na respiração, então que ele focaria nisso. Apresentando alguns elementos teóricos antes da parte prática da aula, ele disse que o conceito de autorregulação é muito importante, pois para Reich o cerne biológico das pessoas busca sempre “estar bem”, a vida tem como essência a positividade. A partir disso, afirmou que não é o terapeuta que cura a pessoa, mas que o seu trabalho seria acessar essa autorregulação do sujeito para que o seu organismo se cure; a definição que ele trouxe de autorregulação foi “ajustes ininterruptos no fluxo para manter uma condição ótima de adaptação interna, que seria a coordenação das funcionalidades próprias do sujeito, e adaptação externa, trocas e adaptações com o meio circundante (…) é a habilidade do organismo, indivíduo, de manifestar e preservar a vida”. Continue reading

12 de outubro de 2019 – sexta aula de Análise do Caráter II

No começo dessa aula tivemos uma situação engraçada: uma pessoa perguntou para o Marcus Vinícius o seguinte: “uma coisa que você falou foi, que dos livros do Lowen, tinham uns três ou quatro só que valiam a pena e o resto nem era tão importante ou…”. Enquanto essa pessoa perguntava isso, a expressão do Marcus Vinícius foi ficando caricaturalmente interrogativa, até o ponto em que ele começou a sacudir a cabeça em negação e finalmente falou “acho que eu não falei isso não”, de tal forma que arrancou uma risada generalizada da turma. A pessoa ainda insistiu na colocação, o Marcus Vinícius continuou negando e disse, corrigindo, que ele havia dito que se a pessoa desejasse “ter uma ideia geral de bioenergética, um ‘basicão’ (sic), aí você só precisa de três (…) os três seriam ‘Bioenergética’, o outro ‘O Corpo em Terapia’ e o outro ‘Exercícios de Bioenergética’, que é dele e da mulher dele. Porque aí o que que você tem? Você tem a parte toda que ele trabalha, como ele mesmo chama, ‘Bioenergética’, ou seja, uma grande introdução aos principais conceitos, técnicas, etc, etc, depois tem ‘O Corpo em Terapia’, que na verdade é um livro sobre tipologia, sobre caráter, e o terceiro que é um livro exatamente disso, né, uma coisa que o Reich nunca fez, exercícios sistemáticos de bioenergética, individualmente e grupalmente (…) agora tem algumas coisas que eu acho fundamentais para quem está trabalhando com bioenergética, ou até pra gente, né, por exemplo, eventualmente quando eu tenho um paciente… paciente não, quando eu tenho, quando eu estou dando supervisão para alguém, que alguém está atendendo um caso de depressão e está querendo entender um pouco mais a dinâmica da depressão tem um livro do Lowen que eu acho bem legal que é ‘O Corpo em Depressão’, que eu acho que pode ajudar bastante. Tem um outro livro do Lowen que só tinha em inglês e eu acho que agora tem em português, que é chamado de ‘Narcisismo’, eu acho que foi o último livro dele”. Continue reading